“Maria é Rainha do Céu e da terra, por graça,
como Cristo é Rei por natureza
e por conquista”. (1)
RAINHA é um dos mil títulos de Maria. E sua origem é mais antiga do que a própria Igreja Católica, pois tem relação com o diálogo entre o Arcanjo Gabriel e Maria (cf Lucas 1, 26-38).
A festa litúrgica da Bem-aventurada Rainha Virgem Maria é no dia 22 de agosto. Foi instituída pelo Papa Pio XII em 1954, ocasião em que deixou consignadas em uma encíclica as razões desse atributo da Mãe de Deus:
Desde os primeiros séculos a realeza marial está presente em orações e em cânticos de louvor e de devoção, dirigidos pelo povo à Mãe do Rei divino, Jesus Cristo, bem como na liturgia e na arte sacra. Tudo em perfeita coerência com os ensinamentos do Magistério da Igreja.
Na ladainha lauretana Ela é invocada como rainha. Uma das orações mais antigas e usadas pelos católicos se chama Salve Rainha. No quinto mistério glorioso do santo rosário se contempla o reino de Maria, abrangendo o Céu e a terra.
A arte cristã, que interpreta bem a devoção do povo, representa Maria como rainha e imperatriz, desde os anos 400. Sem falar nas pinturas representando o Filho coroando a Mãe.
Incontáveis são as imagens da Virgem coroadas em suas festas, pelo mundo afora. Os próprios Papas têm feito isso, pessoalmente ou através de legados.
Doutores da Igreja confirmam:
“Maria é Senhora pelo poder do Filho” (São Pedro Crisólogo, 380-450).
“Ela se encontra acima de tudo quanto não é Deus” (Santo André de Creta, 650-740).
“Rainha eterna junto do Filho rei” (teólogo antigo).
Afirma Pio XII que “os teólogos chamaram a Santíssima Virgem: rainha de todas as coisas criadas, rainha do mundo e senhora do universo”.
E arremata: “O principal argumento em que se funda a dignidade régia de Maria é sem dúvida a maternidade divina. Na verdade, do Filho que será dado à luz pela Virgem, afirma-se na Sagrada Escritura: “Será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus dará a Ele o trono de David, seu pai; reinará na casa de Jacó eternamente, e o seu reino não terá fim” (Lc 1, 32-33); ao mesmo tempo que Maria é proclamada “a Mãe do Senhor” (Lc 1, 43).
Daqui se segue logicamente que Maria é rainha, por ter dado à luz um Filho que é rei e senhor de todas as coisas, pela união hipostática da natureza humana com o Verbo. Por isso, muito bem escreveu São João Damasceno (675-749): “Tornou-se verdadeiramente senhora de toda a criação, no momento em que se tornou Mãe do Criador” (De Fide orthodoxa).
Sisto IV (papa de 1471 a 1484) afirma que Maria é “Rainha sempre vigilante, a interceder junto ao Rei que Ela gerou”.
Santo Afonso de Ligório (1696-1787), tendo presente todos os testemunhos dos séculos precedentes, pôde escrever com a maior devoção: “Porque a Virgem Maria foi elevada até ser Mãe do Rei dos reis, com justa razão a distingue a Igreja com o título de Rainha“.
Conclui o Papa Pio XII que o Arcanjo Gabriel pode ser chamado o primeiro arauto da dignidade real de Maria, e acrescenta que essa realeza não tem nada a ver com formas de governo, sendo essencialmente materna, benéfica (cf Encíclica “Ad Caeli Reginam“, de 11/10/1954 – grifos nossos). #
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(1) São Luís Maria Grignion de Montfort – Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nº 38.
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REZANDO COM O SANTOS
Súplica de Santo Efrém (306-373):
“Virgem Augusta e Protetora, Rainha e Senhora,
protege-me à Tua sombra, guarda-me, para que Satanás,
que semeia ruínas, não me ataque, nem triunfe de mim
o iníquo adversário”.
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Santo Ildefonso de Toledo (607-667)
resume muitos títulos de honra marianos, nesta saudação:
“Ó minha Senhora, minha Dominadora:
Vós dominais em mim, ó Mãe do meu Senhor…
Senhora entre as escravas, rainha entre as irmãs”.
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São Bernardo de Claraval (1090-1153)
é o autor desta famosa oração:
LEMBRAI-VOS, ó piíssima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer que algum
daqueles que tenha recorrido à Vossa proteção,
implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso socorro,
fosse por Vós desamparado.
Animado eu, pois, com igual confiança,
a Vós, Virgem entre todas singular,
como a Mãe recorro, de Vós me valho
e, gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prostro aos Vossos pés.
Não desprezeis as minhas súplicas,
ó Mãe do Filho de Deus humanado,
mas dignai-Vos de as ouvir propícia
e de me alcançar o que Vos rogo. Amém.
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