A proclamação de Maria Mãe de Deus,
no Concílio de Éfeso
Direcionando os holofotes lá pelas bandas do Oriente, no quinto século, vemos a Igreja, embalada pelo impulso do divino Fundador aos Apóstolos, e estes a seus continuadores. São Justino, conterrâneo da samaritana do Evangelho, Santo Inácio de Antioquia, São Gregório de Nissa, São Jerônimo, o tradutor da Bíblia, cumprem cada um sua missão. Enfrentando heresias, perseguições e martírios, transmitem a tocha da Boa Nova, bem acesa.
Mas agora tem gente importante querendo apagar essa chama. Conceitos estranhos se esgueiram entre as pujantes comunidades católicas da orla do Mediterrâneo, de Alexandria a Constantinopla, provocando discussões doutrinárias que se alastram rapidamente, qual busca-pé em festa junina. É a confusão na sofrida Igreja, há pouco saída das catacumbas.

Focalizemos Roma, a capital da Cristandade, e vejamos o que faz o Papa. Devidamente informado da situação, São Celestino I age com a rapidez possível. Convocado um Concílio em Éfeso, dá plenos poderes ao Patriarca de Alexandria, São Cirilo, para tomar as decisões cabíveis. Duzentos e cinquenta bispos estão chegando à cidade onde Maria residiu por 15 anos. Vai começar a reunião. Dois partidos: patriarca contra patriarca, bispo contra bispo, padre contra padre. Nas ruas, povo contra povo. Todo mundo está engajado nessa teológica batalha!
‘Quem é quem’ nessa briga? – O que está em jogo? Estamos no ano de 431. Nestório, Patriarca de Constantinopla, acaba de inventar uma doutrina, e anda dizendo aos quatro ventos que Maria não é Mãe de Deus, mas só de Jesus enquanto homem – ó, como é velho esse zunzum… – Ou seja, em Jesus Cristo haveria duas pessoas, uma divina e outra humana, e não uma só Pessoa divina, com duas naturezas distintas, a divina e a humana, como nos ensina a doutrina católica. Essa árvore má só dá frutos maus: a negação dos méritos da Paixão e da própria Redenção, entre outras heresias. O bom povo de Deus não aceita isso, e pede aos pastores que esclareçam o assunto.

O representante do Papa chega para colocar as cartas na mesa, os pingos nos is. Ele lança a proclamação: a Virgem Maria é Mãe de Deus porque seu Filho, Cristo, é Deus (Teotokos).
Depois de acirrados debates, os votos dão vitória aos partidários de “Mãe de Deus”! Entusiasmados e prolongados aplausos! Manifestações de júbilo enchem as ruas de tochas e de cânticos. Forma-se uma grande procissão, cantando: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte”.
Árvore boa, frutos bons – Com o passar do tempo, esta frase e as saudações feitas a Maria pelo Anjo e por sua prima Isabel, deram origem à Ave-Maria, a oração católica mais rezada no mundo atualmente!
Após esse Concílio, a invocação de Maria Mãe de Deus é mais que um louvor: é o reconhecimento do significado autêntico da Encarnação do Verbo. Implica em afirmar, em três palavras, toda a Fé cristã.
Declara São Cirilo que para confessar plenamente a Fé é preciso reconhecer Maria como Mãe de Deus, concluindo que a pedra chamada Teotokos, rejeitada pelos revoltosos, torna-se em Éfeso a pedra angular da doutrina católica.
Nesse ambiente de fervor, o Concílio foi a gota d’água benta que culminou numa verdadeira explosão de devoção mariana. São construídas numerosas igrejas dedicadas à Mãe de Deus, entre elas a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Portanto, um fortalecimento da própria devoção a Nosso Senhor Jesus Cristo, porque, segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, a verdadeira devoção a Maria Santíssima conduz a seu filho Jesus.
E Nestório? – Devido à sua renitente revolta contra a posição da Igreja, teve de ser excomungado, junto com sua heresia, o nestorianismo.
E ainda tem pessoas que ficam inseguras quando ouvem – em sussurros ao pé do ouvido ou falatórios nas praças – esse inconsistente, velho e surrado realejo… †
Fontes consultadas:
http://www.a12.com/academia/artigos/como-surgiu-a-oracao-da-ave-maria
http://academico.arautos.org/2010/08/o-terceiro-concilio-ecumenico-em-efeso-e-o-titulo-mae-de-deus/
http://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/virgem-maria/maria-mae-de-deus-144146