“O sino foi o primeiro veículo de comunicação
de massa da humanidade” (Alex Periscinoto, publicitário)
É um ‘personagem’ antigo, misterioso quanto à origem, mas simpático. Dizem que ‘nasceu’ no Oriente, por volta do ano 3.000 antes de Cristo. Mas só no século VI surge no Ocidente, onde fica muito popular, passando a habitar em altas torres, de onde se comunica com todo mundo através do badalo. Essa peça dá origem ao verbo das rodas sociais: badalar. Os romanos o chamam de tintinábulo. Mas o nome que prevalece é sino, que em latim (signum) significa sinal.
Do paganismo ao Cristianismo – Com efeito, tem-se notícia dele na China, 2.300 anos antes de Cristo, e na Babilônia, setecentos anos antes.
O certo é que nos anos 700, ele chega a Roma, onde a Igreja Católica o acolhe, colocando-o em seus templos, para alegria do bom povo de Deus. Seu uso se espalha quase tão rápido quanto seu belo e variado bimbalhar.
Em 200 anos todas as igrejas, conventos e até alguns edifícios públicos têm seu campanário ou torre sineira. Alguns têm até carrilhões.
Vindo pagão do Oriente, o sino recebe de um bispo uma bênção especial – que alguns chamam impropriamente de ‘batismo’ – com direito a nome, padrinho e madrinha.
Essa bênção confere ao seu som alguns poderes: afastar as potências que podem prejudicar o homem e seus bens, como demônios, raios, granizos, tempestades, animais ferozes e espíritos de destruição.
A sua missão está bem definida na inscrição do sino da Catedral de Westminster: Vivos voco, mortuos plango, fulgura frango – chamo os vivos, choro os mortos e afugento os raios.
Função social do sino – É bom lembrar que estamos numa época em que a comunicação mais rápida é a do cavaleiro-arauto, que – vindo de longe – chega na praça, faz sua proclamação, e os que o ouvem saem espalhando a novidade, de boca a ouvido.
E um dos que ouvem – lá do alto da torre da igreja – é o sino, que divulga as notícias a seu modo. Cada toque tem significado próprio, e todo mundo conhece sua voz, inclusive os camponeses. É quase um ser vivo a se comunicar com a cidade ou aldeia, através de suas angélicas badaladas.
Alarme! O que será? O povo já sabe: são inimigos que estão vindo lá longe em fogosos corcéis. Ou é um incêndio em tal região da cidade.
Ao marcar as horas, ele regula as atividades do dia a dia.
Lembra ao povo as obrigações para com Deus, chamando para a Missa e a oração.
Espalha alegria quando há festas ou fatos jubilosos como a eleição do Papa. É um dos principais fatores de júbilo nas comemorações do nascimento de Jesus.
Entretanto, fica triste quando morre alguém, e anuncia, com toques característicos, que faleceu um homem ou uma mulher. Mas, sendo criança até 7 anos, os toques são alegres, para comemorar a entrada daquela inocência no Paraíso!
Na Sexta Feira Santa é tão grande sua tristeza que emudece e cede lugar à matraca. Mas expande alegria redobrada na manhã da Ressurreição!
Por outro lado, quantas vezes é incompreendido, e tem de ficar mudo, ou até descer da torre…
Se necessário, ele se imola em defesa da Igreja e da pátria, deixando-se fundir para ser transformado em canhão… Quanta lição isso encerra!
O universo sineiro – Das grandes catedrais às pequenas capelas, dos conventos às escolas, onde há ajuntamento de gente, aí está o sino. Em prefeituras, parlamentos. Ora sozinho, ora acompanhado de outros, de tamanhos e sonoridades diferentes.
Tem mais de 23 sinos afinados e sincronizados por um teclado? Então trata-se do maior instrumento musical do mundo, o carrilhão.
Apesar dos incômodos e incertezas, acompanha os viajantes nos navios e até nos trens “Maria Fumaça”, badalando, festivo, ao aproximar de uma estação.
‘Globalizado’ antes mesmo dessa expressão adquirir cidadania, sino é bell na língua inglesa, cloche na francesa e glocke na alemã. Italianos e espanhóis o chamam de campana, o que dá origem a campanário e campainha. Como se vê, estes três vocábulos vêm de Campânia, região italiana. †
Fontes consultadas:
http://reporterdecristo.com/o-sino-do-angelus-simbolismo-e-efeitos-beneficos
www.basilicadocarmocampinas.org.br
www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-relogi
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Sinos da Catedral de Notre Dame de Paris – cique aqui