Esboço de poema bíblico
Árvore robusta ─ eu vejo ─, forte e altaneira,
presente de Deus Pai a Eva e Adão:
no Éden, inocentes, com alegria inteira;
na Terra, penitentes, à mercê do perdão.
Vejo espalhar-se o carvalho pela Terra,
pois os descendentes de Adão vai apoiar.
O exemplar dilúvio que a todos encerra,
mas Noé e família na Arca para se salvar. (cf Gn 6 )
Navegantes concluem: que castigo, que lição!
E do alto Monte Ararat tudo recomeça,
continuando o divino encargo de Adão.
Com Babel? Com Sodoma? Vale a promessa.
Em Mambré está o Patriarca Abraão (cf Gn 18)
à sombra fresca do carvalho frondoso,
de Deus recebendo tão alta missão:
‘de gerações serás pai’. Quão bondoso!
Começa assim, com a santa aliança,
a vária história de um povo eleito,
com tempestades, raios e bonanças;
o sóbrio carvalho fazendo seu efeito.
À maneira de um ser vivaz, inteligente,
dá a Sara e a Rebeca um sombreado.
Elas, ressurgindo da terra finalmente,
vão subir com Abraão ao Céu sagrado.
Do cedro do Líbano segue o exemplo,
apoiando David, Salomão e o capataz:
na tenda, no palácio, no pio Templo,
nos carros de guerra em busca da paz.
Ó árvore carvalhesca de gesta milenar!
Apoio dos homens na alegria e na dor
─ que a Bíblia vinte vezes vai citar ─;
da prece à luta, de Abraão ao Salvador.
Na plenitude dos tempos surge Jesus,
aquela Palavra eterna… ─ qual orvalho!
Por fariseus odiado, é morto na cruz;
uma cruz ─ quem sabe? ─ de carvalho!
Outrora desprezível, e agora santificada,
de ouro, de prata feita, de carvalho também.
Maior símbolo cristão no Globo espraiada.
Ó Cruz Santa, protegei a nós todos. Amém!
Junto ao rei santo e defensor dos pobres,
passados treze séculos, vejo o personagem.
São Luís IX atende carentes e nobres,
sombreando-os o carvalho com a ramagem. (cf Wikipédia)
Bastante diversificados são os carvalhos.
Das seiscentas espécies, altea a azinheira,
na qual Maria em Fátima, pousa nos galhos,
transmitindo mensagem à Terra inteira. #