Prece pedindo chuva
em versos sem pretensão poética, inspirados
na melodia popular “Luar do Sertão”
Não há, ó gente, ó não, no céu, sinal de chuva, ó não!
Chamai, ó Anjos, chamai, as nuvens pro meu sertão!
Em nosso Brasil a natureza é tão bela,
para a vista dos viventes noite e dia deslumbrar.
Altas montanhas, belos vales verdejantes
e muitas águas correntes, com luzeiros a alumiar.
Não há, ó gente, ó não…
Mas quem poderá explicar o que acontece:
por que deixam o sertão as águas de molhar?
E, segundo dizem, é aquecendo a nossa Terra
que a água se evapora das represas a secar.
Não há, ó gente, ó não…
Mirando o céu — que céu de brigadeiro! —,
olho e não vejo, a nuvem chuvosa despontar.
Onde o vento a levou? Ninguém vai me dizer,
pois é um mistério pra Anjo santo desvendar.
Não há, ó gente, ó não…
Por que as nuvens sobrevoam os oceanos,
“chovendo no molhado”, e deixam o verde estorricar?
Ó Santos Anjos, por que ordem não lhes dão
de voar pro sertão, fazendo o verde reverdejar?
Não há, ó gente, ó não…
Versos tão singelos, são o pedido do povo
— humilde, respeitoso —, interpretando o seu querer.
Ao Pai celeste intercedei, pedindo, ó Mãe,
ó Mãe Aparecida, e queira Deus nos atender.
Não há, ó gente, ó não…
Ó Cristo Jesus, Vós que fostes batizado,
no rio abençoado, glorioso do Jordão. (cf. Mateus 3, 13-17)
Secando a água, como vai poder o padre
batizar, santificar a quem deseja ser cristão?
Não há, ó gente, ó não…
Faltando a chuva no pé da videira,
fica o padre sem vinho para a celebração.
E como pode irrigar os pés de trigo
pra fazer as hóstias brancas da Santa Comunhão?
Não há, ó gente, ó não…
O que vão fazer o José e a Maria
pra bem cuidar dos filhos e sua sede saciar?
Será que terão que descobrir alternativas,
e água boa retirar do grosso pé de baobá? (Árvore cujo tronco é reservatório de água)
Não há, ó gente, ó não…
Não tendo água, definha o que tem vida,
e ninguém duvida que muitos sofrerão.
Eu peço apenas, uma chuvinha criadeira,
pra fluir da cachoeira, irrigando o meu sertão.
Não há, ó gente, ó não…
Lembrai ó Senhor, dos tempos de mais fé,
em que vovó contava, do poder da oração.
“Pedi e recebereis”, é a grande promessa
à prece publicana, fruto de humilde devoção. (cf Mateus 7, 7-8 e Lucas 18, 9-14)
Não há, ó gente, ó não… #
Gravação feita no Estádio do Pacaembu, em versão adaptada ao
Centenário da Arquidiocese de São Paulo – Luar do Sertão – YouTube