De Adão penitente às diversas simbologias de
Nosso Senhor Jesus Cristo
PARAÍSO terrestre, ao cair da tarde. Hora de Deus conversar com Adão. Tempo de graça, muita graça: o Céu na Terra. Entretanto, ele perde este privilégio devido a um ato de desobediência a seu Criador.
Agora tem de levar vida dura, com trabalho, doença e sacrifício.
Mas Adão não consegue esquecer aquele convívio perdido, cuja lembrança alimenta sua alma. E passa a observar os símbolos postos na natureza pelo Criador, cujos significados tantas vezes tinha ressaltado a seus olhos maravilhados. Aqui, uma florzinha perfumada. Ali, um pássaro de cores reluzentes. Acolá, um alto monte coroado de neve.
Então, a seu espírito pode ter ocorrido este pensamento de São Paulo: “As perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, tornam-se visíveis à inteligência, por suas obras” (Rm 1, 20).
Admiração ─ Com essa herança adâmica, homens e mulheres, pelos milênios afora, se abrem às simbologias do sobrenatural.
No céu, um conjunto de três estrelas pode remeter à Santíssima Trindade. Um profeta vê noutro astro uma prefigura do Redentor, o Sol de Justiça (Malaq 3, 20).
Cá na Terra, uma estrela conduz três reis ao berço de Jesus. Também o rei da floresta nos remete a Cristo, o Leão de Judá (Apoc 5, 5).
Como não admirar as atitudes leoninas do Novo Adão, repreendendo os fariseus (cf Mt 23, 13-33) e desbaratando o comércio junto ao Templo (Mc 11, 15)?
Por outro lado, Ele mesmo Se compara à videira que dá muitas uvas (cf João 15, 1-5), bem como ao Bom Pastor, que oferece a vida pelas ovelhas de seu rebanho (cf João 10, 11-16). Ovelhas essas ─ mansas e humildes ─ que parecem ter sido criadas para representar o conjunto das almas fiéis a seu Pastor.
Cordeiro de Deus ─ “Entretanto, ao longo de sua vida e, sobretudo, na hora suprema de sua Paixão e Morte, foi Jesus predominantemente o Divino Cordeiro.
“Não sem razão, durante a Celebração Eucarística, memorial do Sacrifício do Calvário, o sacerdote apresenta aos fiéis a Hóstia consagrada, antes da Comunhão, dizendo: ‘Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’.
“Dentre os inúmeros símbolos de Nosso Senhor Jesus Cristo, escolheu a Santa Igreja esse como sendo o mais significativo para tão sagrado momento” (Mons. João Scognamiglio Clá Dias – O inédito sobre os Evangelhos – vol. VI – p. 313-314). #